sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Uma razão de ser

   Caminhei quilómetros para longe de ti. Para bem longe. Quis dar grandes passadas. Quis correr. Quis não saber o caminho de regresso. Quis voar. Quis pedalar. Para longe. O objetivo era sempre para longe. Não sei se era o vento que me tornava difícil a realização ou se era o destino a querer ser meu amigo.
Hoje tenho a consciência que tinha muita vontade de ir para longe, mas tive mais de voltar. Aí não olhei a meios. Dei tudo. Corri. Saltei. Tropecei. Engasguei-me nas palavras. Solucei quando não devia. Ri-me. Chorei. Pontapés e estaladas não deviam faltar se não tivesse um bocado de consciência. Continuei sempre. Mesmo sem saber o caminho, seguia-o com o objetivo de chegar até a ti. "Vamos" dizia eu, para mim, como se eu fosse a minha equipa. E era. Ali era. No caminho de regresso fui eu a minha própria equipa. Não quis ajuda, mas ela foi surgindo. As palavras saíam e espancavam. As ideias estavam no sítio mas não fluíam. O melhor que eu tinha era para onde caminhava. Para perto. Para bem perto. De ti. Do nosso conforto. O caminho era tão longo. Então, se a vontade foi aumentar a distância, agora era tempo e mais que tempo de a diminuir. Facilmente tive essa consciência. Afinal quem é que era eu a quilómetros de ti? Naquele momento nada, mas ia ser. Ia ser se não pensasse em ti e no quanto fui feliz a teu lado. E o pensamento era "e se voltasse?" ; "Os braços estaríamos abertos de novo para mim?". Finalmente cheguei. O primeiro impacto doeu. Foi como bater num vidro em cheio. Au!! Não seriam as dores das pancadas que me fariam ficar ali, inconsciente no meio do chão. Não. Levantei-me e continuei o caminho. Nada estava perdido. Eu pelo menos não tinha nada a perder. Tu também não, só não sabias. O segundo impacto, doeu. Doeu mais até. Doeu porque depois do primeiro, não achei que houvesse um segundo. Mentalizei-me que, não havia duas sem três, nem três sem quatro, nem quatro sem cindo (se fosse preciso!). Estava ali a minha razão de felicidade. 
  O facto de, mesmo dizendo um "desisti" para o redor daquela multidão, não desistir na verdade, fez de mim o orgulho e o agradecimento. Insistes em sublinhar. Em agradecer.  E porquê? Não se agradece amor nem felicidade. No mínimo momentos e pormenores. Felicidade não. Amor não.
   Enquanto fores tu, eu serei felicidade esborrachada na cara. Obrigada eu, por estares aí, por seres diferente.

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