domingo, 4 de agosto de 2013
PAI
Escrevo-vos como se fosse um desabafo. Em conversa fiada, entre o jantar e a sobremesa, as palavras do meu pai ficaram-me gravadas na cabeça, como que a martelar ou a repulsar de um lado para o outro, instáveis. Tivera-me dito as palavras que o pai dele lhe deixara escrito, naquele papel frágil que a humidade daquela casa de pedra gelada acabou por desfazer, ou que alguém o quisera ter feito desaparecer. Em voz grossa mas silenciosa, pesada disse-me "um dia, enquanto brincava, descobri um papel escrito pelo meu pai que dizia que aquela casa seria para mim". A saudade e a tensão pairaram por cima do jantar, ficamos ofegantes. A minha avó partiu à 4 meses e as partilhas serão feitas agora, a ansiedade que o meu pai vive nestes últimos dias vai me consumindo. Na verdade, a casa, ele quer que fique em família, e não que seja para alguém desconhecido ou para a Justiça Superior. Afastar aquela casa da família é denegrir a vida do meu pai. Escrevo-vos como que para o meu pai.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)

1 comentário:
adoro :)
Enviar um comentário