quarta-feira, 2 de julho de 2014

Crueldade da morte

      Falta um quarto para a uma da manhã e tenho medo. Tenho medo da morte. A morte assusta-me. Assusta-me em todos os sentidos. Assusta-me até ao ponto de escrever sobre ele. Terei de ser dócil ao escrever sobre ela, que quando tiver que se apoderar de mim não vai ter dó nem piedade? A morte é filha da mãe. É, está dito! Mas a morte está um passo à nossa frente. Mas a morte é que por vezes trás para mais perto o que quando esta estava mais distante de nós (falo em caso de doença, por exemplo, pois é quando sabemos que esta está mais próxima) não tínhamos. A morte assusta-me, repito, repito e repito. E tenho medo de como a morte se vai apoderar de mim e dos meus. Dói imaginar perder alguém. Dói (e sem rodeios) saber que me vão perder a mim. A morte não é bonita. A morte é cruel, é triste. Evidencia tudo que te bom tempos. Morte, não chegues por favor.
      Podia ficar aqui a escrever até não mo permitirem, mas iria repetir imensas vezes a palavra morte e quão fraca ela é, o quão cruel e o quão devastadas deixa as pessoas que a rodeiam. A morte não é só a morte, a morte reúne tudo que é bom e mau e faz uma espécie de fogueira, deixa-nos em cinzas, a nós e aos que partem. 
Morte, não chegues por favor! Não me leves os meus, não leves os deles. Morte, não venhas, não te apoderes.

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