Partiu, sem me dirigir uma palavra mais. Nem sei como dizer ou descrever, ainda me sinto presa das palavras, ainda me falta o ar só de fazer a junção dela comigo. As lágrimas ainda me escorrem, secam-me o rosto. Já pensei e já imaginei, enquanto tocava às outras pessoas, já me tentei pôr no lugar de todos, mas acho que isso do "sei como te sentes" sem sentir, é não saber. Por mais que sejam as vezes que tentei pôr-me no lugar, nunca o fiz de verdade, a dor é tamanha e eu nem sei ainda acreditar. A verdade é que chorei e tremi até ao veredito, tal  como agora o faço, ainda é difícil de acreditar e eu não consigo ser de ferro. A morte é algo que mexe mesmo cá dentro quando associamos às recordações, porque sem recordações não existira dor. Pensei que não tinha sangue frio o suficiente para estar perto de ti sem a tua alma presente, mas acho que todas as forças que me faltaram quando recebi a notícia, ganhei nestes 3 dias, para estar ali, ao lado do teu corpo frio. Nada foi suficiente para me segurar as lágrimas e por isso elas acabaram por me detomar. Agora consigo dizer-te a falta que farás, farás muita: aos 4 filhos, aos netos, aos genros e noras. Agora não sofres, mas também não sorris. Agora não ficas doente, mas também não estás presente. Vou ter saudades tuas,  de te visitar a casa, de te ouvir a resmungar com as empregadas do Hospital -vou ter saudades até de te ir visitar ao Hospital (por pior que fossem as situações) vou ter saudades de me trocares o nome, de me confundires e chamares o nome de todas as netas e só no fim o meu, vou ter saudades simplesmente de te ver a pedir carinho. Vou e vamos todos, sentir saudades quando nos faltares, hoje. É pena que quando as saudades apertarem, não venhas confortá-las - que dês um brilho especial ao céu e que estejas mais feliz agora, ao lado de quem à muito partiu também e que eu não me recordo. Um beijo grande, se o conseguires receber. Eu vou ter saudades de tudo, vou ter saudades tuas AVÓ. ♥