a carta que há muito te quero escrever

Não sei o porquê de ainda não tê-la feito, talvez porque me sentia perto de ti. Não sei porque não a escrevi mais cedo se já não faz pouco tempo de que são os quilómetros que nos separam. A vontade de te ver é grande. A vontade de te sentir por perto é maior. Provavelmente estás a interrogar-te se isto é mesmo para ti, ou são planos figurativos que na minha cabeça os faço. Por sentir-te sempre perto de mais, ao pé de cada esquina, agora sinto-te como se estivesses do lado de lá do Universo. Não foi este o futuro que tracei entre mim e ti, não foi este o futuro que avizinhei quando optei por ficar longe de ti. Nada mudou, mas tudo se transformou. O que foi perto, agora é longe. O que era presença, transformou-se realmente em ausência. E o carinho esmiuçou-se em saudade. Saudade é o que eu guardo dentro de mim para quando estiveres por perto das barreiras da distância, eu possa juntar todos os pedacinhos dela e correr para ti. Os dias passam e não há sinais de ti, pergunto por onde andas e o que é feito de ti, as respostas são sempre as mesmas, que estás bem e que continuas o mesmo. Fico contente. Fico feliz. O ideal que tracei em ti foi esse mesmo, felicidade a dobrar e sorte a triplicar. É tanto o que tenho para te dizer, e por mais que me tente aproximar, tu não dás sinais de ti, não ligas, não falas, não procuras. Eu sinto a tua falta, talvez mais agora porque estou longe, mas não a sinto de quando íamos de fim-de-semana e eu deixava de te ver, não, mesmo. Sinto-a como se já não te visse há meio século, se já não soubesse qual o teu estilo de vestir, o cheiro que te contorna e a alegria que te preenche. O teu sorriso? É a tua marca. O teu aroma? É a minha saudade.